A História comprova
que grandes crises geram também grandes revoluções. O novo coronavírus
nocauteou os sistemas de saúde e a economia globalizada. Trouxe à tona mais
esmero com hábitos de higiene e um olhar mais atencioso ao pedido de socorro do
planeta Terra. Paralisou também os sistemas de ensino que, diga-se de passagem,
no Brasil são engessados, arcaicos e antiquados para o tempo atual.
De repente, escolas e
alunos têm seu vínculo presencial interrompido. Nos primeiros dias imperaram o
silêncio e a desorientação. No entanto, percebeu-se que algo teria que ser
feito. Afinal, o Sistema Educacional sente que não pode perecer, pois é um
pilar fundamental da sociedade humana. O que fazer? Como fazer? Com que
recursos? Optou-se por usar a internet como ponte entre professores a alunos. Aí,
começou o desconforto e o incômodo às famílias. Abruptamente, passaram a ter
mais uma responsabilidade: assessorar os filhos nas tarefas escolares online. Na
sequência, surgiram o alvoroço, a inquietação, opiniões divergentes, debates,
apuração de aspectos positivos e negativos... Problemas operacionais,
dificuldades tecnológicas, apreensão. Milhares de alunos perceberam,
finalmente, que estudar é muito mais do que frequentar uma escola. Outros
tantos descobriram que são capazes de enfrentar novos desafios. Muitos,
infelizmente, se omitiram, preferindo manterem-se à margem da nova situação.
Há anos discute-se o
obsoletismo das escolas brasileiras, a precariedade de recursos pedagógicos, o
baixo nível de interesse e de aprendizagem dos alunos, a eficácia e a
relevância de conteúdos curriculares e a preparação do cidadão para enfrentar
os desafios impostos pela vida numa sociedade consumista, atrelada ao capital e
ao lucro.
Como disse
recentemente o Dr. Augusto Cury: “Foi necessário um vírus” para chacoalhar
a humanidade que, certamente, não será mais a mesma em muitos aspectos. Para o
Brasil ficou suficientemente claro que é preciso investir em ciência,
tecnologia, pesquisa e industrialização de recursos próprios. Que as
universidades devem buscar parcerias com laboratórios nacionais para
viabilizarem a produção de vacinas e medicamentos. Que precisam assessorar
indústrias na fabricação de equipamentos e insumos nos mais diversos setores de
engenharia e produção. Enfim, o Brasil precisa deixar de priorizar apenas a
exportação de gêneros alimentícios e matéria-prima e buscar mais autonomia
tecnológica e científica.
Nós, professores e alunos,
estamos ansiosos e preocupados nestes dias de pandemia, mas certamente vamos
encontrar novas perspectivas, novos meios e metodologias de ensino, estudo e
aprendizagem. Talvez este caos tenha sido necessário para avaliarmos o que cada
um de nós pode fazer a fim de viabilizarmos as reformas e mudanças que
revolucionarão as escolas brasileiras, trazendo-as para o patamar das
necessidades da humanidade do século XXI. Que esta crise possibilite o
aguçamento de nossa inteligência, de nossa criatividade, de nossa empatia e que
sejamos persistentes na busca de soluções e correções de erros cristalizados na
humanidade no decorrer do tempo. Que nossas consciências e valores equivocados
transmutem, a fim de preservarmos todo o complexo sistema de vida de nosso
planeta Terra, que é a nossa casa, o nosso habitat.
Professora Walterlin Forostecky Kotarski
Porto União, 16 de abril de 2020.