Há algum tempo, numa pequena cidade, correu a notícia de que um novo morador acabara de chegar e recebera o apelido “Zé do Facão”, devido a um facão afiado que ele sempre carregava na cinta. Espalhou-se de boca em boca que “Zé do Facão” morava sozinho. A população local passou a considerá-lo “suspeito”.
No seu primeiro passeio pela cidade, “Zé do Facão” visitou a Bodeguinha do Tio João. Chegando lá, sentou-se numa banquetinha e falou com voz imponente:
__ Tio João, sirva-me uma pinguinha, por favor!
__ Claro. É pra já! __ disse o dono da bodega meio amedrontado.
Zé, ao terminar de beber, levantou-se para ir embora, pôs a mão no facão e perguntou:
__ Quanto é a despesa?
__ Nada, meu senhor, nada! __ respondeu Tio João trêmulo e arrepiado.
Depois daquele dia, “Zé do Facão” retornou várias vezes à bodega e Tio João nunca teve coragem para cobrar-lhe a conta. Passaram-se algumas semanas e Tio João pensava com seus botões que não era justo “Zé do Facão” beber e não pagar. Afinal, de trago em trago, ele estava tendo prejuízo.
Dias depois, no fim de uma tarde fria de sábado, a cena se repetiu na bodega.
__ Quanto custa? __ perguntou “Zé do Facão”, obviamente pondo a mão no dito facão.
__ Três “pilas” __ disse Tio João tomando coragem, porém com as pernas bambas de medo.
Calmamente Zé empurrou o facão para o lado direito da cinta, a fim de livrar o acesso ao bolso de sua calça. Enquanto isso, Tio João fechou a boca para evitar que Zé percebesse que ele estava tremendo de bater os dentes. Lentamente, lá do fundinho do seu bolso, Zé tirou um macinho de dinheiro e pagou a sua conta. Depois daquele dia, “Zé do Facão” livrou-se de todos os causos e fofocas sobre ele e Tio João parou de levar prejuízo na bodega. A cidadezinha continuou sua vida normalmente.
Aluna: Bianca Rocha
8.ª série – Conto – 12/05/11.
Nenhum comentário:
Postar um comentário