Certa
terça-feira, numa aula de Língua Portuguesa, a professora intermediava a
interpretação da crônica Olhos de escritor, de Cezar Dias, empenhando-se
ao máximo a fim de que os alunos entendessem o texto e também as
características próprias do referido gênero, enquanto duas alunas à minha
frente se distraíam com uma revista e conversas paralelas. Essas alunas nem
sequer tomaram conhecimento do assunto da aula. A professora chamou a atenção e
elas pararam de conversar por alguns minutinhos, mas logo estavam se distraindo
novamente, movimentando-se nas carteiras o tempo todo e perguntando que horas
eram.
A
crônica falava justamente sobre a dificuldade que, muitas vezes, até os
escritores profissionais têm para produzir bons textos, falava sobre a falta de
inspiração ou de criatividade na hora de escrever, falava também sobre o desuso
do olhar
de escritor capaz de transformar imagens em textos.
Eu
estava atenta à aula e percebi o esforço e a dedicação da professora ao dar
explicações e exemplos. Ela nos disse que se nós, alunos, nos dedicássemos e acreditássemos
em nossas potencialidades, dentro de aproximadamente vinte dias poderíamos ser
os novos cronistas da escola. Naquele momento, vários pensamentos passaram
simultaneamente pela minha mente: as
críticas à baixa qualidade do ensino no Brasil; a falta de interesse de grande
parte dos alunos; o mau aproveitamento das aulas; a falta de respeito aos
professores...
O
modo como aquelas alunas estavam se comportando na sala de aula estava
impossibilitando qualquer chance de aprendizagem. Elas estavam totalmente
indiferentes ao conteúdo, que, diga-se de passagem, é necessário e útil na vida
de qualquer pessoa em processo de estudo e formação. Acabei de constatar que,
muitas vezes, as escolas e os professores são criticados e massacrados
injustamente pela mídia. Na maioria das vezes, o fracasso escolar acontece pela
falta de vontade de aprender e pela falta de comprometimento dos próprios
alunos.
Nos
dias seguintes, uma dessas alunas vem faltando seguidamente sem justificativa.
Assim, fica fácil de se eximir da responsabilidade de fazer e apresentar as
tarefas e manter os conteúdos em dia. A
outra, geralmente faz as tarefas na última hora, de qualquer jeito, só para não
ficar sem nota. Infelizmente, existem inúmeros casos como este espalhados pelas
salas de aulas do nosso imenso Brasil. Penso que está na hora de deixarmos de
ser simplesmente alunos ou frequentadores de escolas para nos tornarmos
verdadeiros estudantes.
Aluna: Jhennifer
Tamiris Delvoss
8.º ano II –
19 de agosto de 2014 – Crônica reescrita
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