Numa tarde de outono, o coelho Bambam estava andando de bicicleta na ladeira mais íngrime da Vila Personificação. Logo no início da descida, Bambam percebeu que os freios estavam falhando e que a bicicleta já estava em alta velocidade. Bambam tentava freá-la com os pés, mas não deu resultado. De repente, a bicicleta derrapou numa pedra saliente e ele se estatelou no chão. Depois de alguns minutos, Bambam conseguiu sentar-se à beira do caminho até sua dor amenizar. Ficou sentado algum tempo curtindo uma dor intensa. Enfim, ainda meio tonto e dolorido, Bambam conseguiu se levantar e xingou a pedra:
— Aiii! Aiii! Pedra maldita! Precisava estar no meu caminho justo hoje?
Com dificuldade, Bambam ergueu a bicicleta e voltou para casa. Quando chegou, Dona Ana, sua mãe, estava cuidando da horta. Ao virar-se para a direção do portão, Dona Ana viu que o filho estava entrando no pátio da casa mancando e com manchas de sangue espalhadas pela roupa.
— O que aconteceu, filho? O que houve com a sua bicicleta?
Quase chorando, Bambam respondeu:
— Eu estava andando de bicicleta numa ladeira, os freios falharam e eu caí sobre as pedras do caminho. Machuquei o joelho e estou com várias escoriações pelo corpo.
— Não fique triste, filho! Ninguém está livre de um acidente. Vamos limpar os ferimentos e fazer um curativo no seu joelho. Amanhã levaremos a bicicleta à oficina do Seu Tartaruga. Ele é um ótimo mecânico. Conserta bicicletas, carros e até tratores.
— Está bem mamãe! Mas antes de fazer o curativo, preciso tomar um bom banho.
— Faça isso, filho! Vou preparar o curativo — disse Dona Ana.
No dia seguinte, Dona Ana e Bambam foram muito bem recebidos na oficina por Seu Tartaruga.
Ao ver as escoriações no garoto e o estado em que a bicicleta ficou após a queda, Seu Tartaruga perguntou:
— O que foi isso, rapaz? Onde foi que você se acidentou?
— Eu estava descendo uma ladeira, faltou freio, a bicicleta derrapou numa pedra e o resultado é este que o senhor está vendo — relatou Bambam.
— Por acaso foi naquela ladeira próxima à Lagoa dos Patos? — perguntou Seu Tartaruga.
— Sim, nessa mesma — respondeu Bambam.
— Aquela ladeira é muito perigosa. Dizem até que ela foi amaldiçoada — disse Seu Tartaruga.
— Sério! — exclamou o garoto.
— Sim, minha avó também me contou esta história — falou Dona Ana.
— Agora fiquei curioso, conte-me os detalhes desta história, mamãe! — pediu Bambam.
— Ah! Sinto muito, mas não lembro mais os detalhes. Já se passaram muitos anos, filho — disse Dona Ana.
— Eu posso contar — disse Seu Tartaruga — afinal, tenho ótima memória, apesar de já ser um “quase idoso” — completou com um leve sorriso no rosto e começou a contar.
— Dizem que há trezentos anos uma bruxa estava fugindo de um grupo de pessoas que a estava perseguindo para matá-la, pois ela fazia feitiços tenebrosos. Enquanto a bruxa corria pela ladeira, acabou tropeçando numa pedra e caiu com violento impacto no chão. Ela se machucou e não conseguiu se levantar rapidamente. Então, o grupo de pessoas alcançou-a, aprisionando-a para, em seguida, executá-la. Porém, antes de morrer, ela amaldiçoou a ladeira e jogou também uma praga: “De hoje em diante, quem passar por aqui de carro, trator ou bicicleta vai se estatelar no chão” — profetizou a bruxa.
— Que história maluca! Nunca mais passo naquela ladeira— disse Bambam, fazendo o sinal da cruz.
No dia seguinte, Dona Ana e Bambam foram buscar a bicicleta, já consertada. O trabalho do Seu Tartaruga foi bem-feito, porém custou caro. Ao se despedirem, Seu Tartaruga recomendou:
— Mantenha sua bike sempre bem lubrificada. Se houver algum problema traga-a para eu verificar. Ah! Lembre-se: Aquela bruxa virou assombração e aparece fazendo seus feitiços todas as sextas-feiras. É melhor nem passar perto da Lagoa dos Patos — recomendou Seu Tartaruga.
— Vou seguir o seu conselho, Seu Tartaruga. Obrigado por tudo! Até de repente — disse Bambam, indo embora com sua mãe na garupa da bicicleta.
Aluna: Brenda Andressa Freisleben
9.º ano I - Conto - Língua Portuguesa - Data: 22/03/22
Professora Walterlin F. Kotarski
Núcleo Educacional Jornalista Hermínio Milis
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