O sol se foi e o céu
acinzentou,
E a chuva veio mansa e
contínua,
E tornou-se forte, e insolente,
e arrasadora,
E cobriu as ruas, e sufocou
bueiros,
E formou torrentes, e invadiu
as casas...
E continuou a chuva,
E encostas deslizaram,
E houve barreiras, e abriram-se
crateras,
E pontes ruíram, e asfaltos
racharam,
E as aulas paralisaram.
E os rios transbordaram,
E as casas sumiram,
E dezenas de ilhas surgiram.
E faltou luz, e faltou água, e
faltou acesso,
E o caos se instalou.
E o povo assustado ficou
flagelado.
E o barco demora, e o caminhão
que não vem?
Há muito tumulto, é só
vai-e-vem,
A água subindo piedade não tem.
Pra onde eu vou? Vou ficar com
quem?
A Defesa Civil começa ajudar,
Mas há muita gente, é preciso
esperar.
Depressa, a Prefeitura deve
agir e pensar,
O tempo voa, o socorro tarda a
chegar
E a água implacável destrói
mais um lar.
O estrago é grande e assusta os
prefeitos,
É preciso recursos senão não
tem jeito.
O governador promete respaldo,
E à Presidente vão pedir mais
algo,
O povo se engaja e brota a
solidariedade.
Promessas são feitas, planos
traçados,
Cestas básicas, roupas,
abrigos, burburinho,
E o sonho de deixar de ser
ribeirinho.
Reconstruções, faxinas,
trabalho, coragem,
Queixas, prejuízos, tropeços e recomeços,
Junho de enchente,
Junho de desabrigo,
Junho de Copa do Mundo,
De visita de Dilma, a
Presidente,
Quanta emoção perpassa o
coração da gente.
Outra vez...
Walterlin Forostecky Kotarski
17 de junho de 2014.