Em 09 de junho de
2014, as cidades de Porto União e União da Vitória vivenciaram a quarta pior
enchente histórica. Meses depois do acontecido, as pessoas que mais sofreram
com a tragédia construíram suas casas longe do rio Iguaçu, mas a dor da perda
dos seus bens ainda os machuca __ disse a repórter Sandra Novaes.
Então, vamos
conversar com um dos antigos moradores dessa região que sofreu com a enchente.
Repórter: O que o senhor tem a dizer
sobre o que aconteceu?
Tavares
(antigo
morador ribeirinho): Bom dia! Olha, foi muito difícil no começo e ainda é, mas
foi uma tragédia tão repentina e ninguém estava preparado para isso.
Repórter: Onde o senhor estava naquela
noite?
Tavares: Eu estava trabalhado, como em
todas as noites, pois sou segurança noturno.
Repórter: Então, o senhor só soube do
acontecido quando chegou em casa?
Tavares: Não, minha filha mais velha
acordou assustada com os latidos do nosso cachorro. Quando foi levantar para
ver o que estava acontecendo, sentiu a água nos pés, pois morávamos bem perto
do rio. Ela se assustou e foi chamar a mãe. Quando a minha mulher acordou, ela
ligou rapidamente para mim, mas eu não podia sair do serviço naquela hora.
Então, pedi para ela e nossas duas filhas saírem da casa levando objetos
pessoais e alguma coisa miúda, que pudessem carregar. Minha esposa só conseguiu
levar a batedeira e o liquidificador. Eu fiquei totalmente desesperado, pois
tudo o que conseguimos com anos de trabalho estava sendo destruído. Tentei me
acalmar e manter a cabeça fria. Afinal, os bens materiais não se comparam ao
valor dos entes queridos, e estes estavam a salvo. Passamos vários dias
hospedados na casa da irmã da minha mulher, a Dulce. Quando voltamos para casa
quase dois meses depois, porque ela ficou praticamente encoberta, não havia
mais nada dentro dela. Ver aquela casa suja, com mau cheiro e danificada fez me
doer o coração. O que mais me entristeceu foi constatar que todos os nossos
pertences haviam sido roubados. Minha mulher começou a chorar loucamente, até
que um vizinho não muito chegado apareceu e perguntou o que havia acontecido.
Nós contamos a ele que a casa estava totalmente vazia, que provavelmente fora
saqueada durante a fase do alagado. Sem mais nem menos, o vizinho começou a rir
e disse:
Eurico (o vizinho): Que nada vizinho!
Assim que eu vi a sua família saindo da casa e deixando tudo para trás, eu pedi
ajuda às outras pessoas que estavam aqui nas redondezas para colocar os seus
pertences em cima do caminhão que eu tinha alugado para retirar a minha mudança.
O caminhão era grande e havia sobrado lugar. Carregamos tudo e guardamos num
galpão na chácara do meu pai. Eu lhe enviei uma mensagem naquele dia, mas você
não retornou.
Tavares: Só então eu me toquei que
tinha esquecido o celular no trabalho por dias e dias... Foi totalmente
esquisito, mas foi bom saber que algumas pessoas que eu nem considerava amigas
me ajudaram tanto. Desde então, não somos mais apenas vizinhos, passamos a ser
os melhores amigos. Naquele dia, eu percebi que numa hora de emergência a cooperação pode vir de qualquer lugar e
de quem menos se espera.
A repórter
emocionada ajeitou o cabelo e disse:
__ Muito obrigada
por compartilhar conosco a sua história. Ficamos por aqui, tenham todos uma boa
tarde. Assistam agora “A escolinha do professor
Raimundo”.
Aluna:
Andressa Thaize Grossl
9.º ano – 19 de março de 2015.
Concurso de peça teatral
promovido pela COOPERALFA
Tema: A cooperação como ferramenta para o desenvolvimento da cidadania.
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