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quinta-feira, 16 de abril de 2020

A pandemia e o caos



A História comprova que grandes crises geram também grandes revoluções. O novo coronavírus nocauteou os sistemas de saúde e a economia globalizada. Trouxe à tona mais esmero com hábitos de higiene e um olhar mais atencioso ao pedido de socorro do planeta Terra. Paralisou também os sistemas de ensino que, diga-se de passagem, no Brasil são engessados, arcaicos e antiquados para o tempo atual.
De repente, escolas e alunos têm seu vínculo presencial interrompido. Nos primeiros dias imperaram o silêncio e a desorientação. No entanto, percebeu-se que algo teria que ser feito. Afinal, o Sistema Educacional sente que não pode perecer, pois é um pilar fundamental da sociedade humana. O que fazer? Como fazer? Com que recursos? Optou-se por usar a internet como ponte entre professores a alunos. Aí, começou o desconforto e o incômodo às famílias. Abruptamente, passaram a ter mais uma responsabilidade: assessorar os filhos nas tarefas escolares online. Na sequência, surgiram o alvoroço, a inquietação, opiniões divergentes, debates, apuração de aspectos positivos e negativos... Problemas operacionais, dificuldades tecnológicas, apreensão. Milhares de alunos perceberam, finalmente, que estudar é muito mais do que frequentar uma escola. Outros tantos descobriram que são capazes de enfrentar novos desafios. Muitos, infelizmente, se omitiram, preferindo manterem-se à margem da nova situação.
Há anos discute-se o obsoletismo das escolas brasileiras, a precariedade de recursos pedagógicos, o baixo nível de interesse e de aprendizagem dos alunos, a eficácia e a relevância de conteúdos curriculares e a preparação do cidadão para enfrentar os desafios impostos pela vida numa sociedade consumista, atrelada ao capital e ao lucro.
Como disse recentemente o Dr. Augusto Cury: “Foi necessário um vírus” para chacoalhar a humanidade que, certamente, não será mais a mesma em muitos aspectos. Para o Brasil ficou suficientemente claro que é preciso investir em ciência, tecnologia, pesquisa e industrialização de recursos próprios. Que as universidades devem buscar parcerias com laboratórios nacionais para viabilizarem a produção de vacinas e medicamentos. Que precisam assessorar indústrias na fabricação de equipamentos e insumos nos mais diversos setores de engenharia e produção. Enfim, o Brasil precisa deixar de priorizar apenas a exportação de gêneros alimentícios e matéria-prima e buscar mais autonomia tecnológica e científica.
Nós, professores e alunos, estamos ansiosos e preocupados nestes dias de pandemia, mas certamente vamos encontrar novas perspectivas, novos meios e metodologias de ensino, estudo e aprendizagem. Talvez este caos tenha sido necessário para avaliarmos o que cada um de nós pode fazer a fim de viabilizarmos as reformas e mudanças que revolucionarão as escolas brasileiras, trazendo-as para o patamar das necessidades da humanidade do século XXI. Que esta crise possibilite o aguçamento de nossa inteligência, de nossa criatividade, de nossa empatia e que sejamos persistentes na busca de soluções e correções de erros cristalizados na humanidade no decorrer do tempo. Que nossas consciências e valores equivocados transmutem, a fim de preservarmos todo o complexo sistema de vida de nosso planeta Terra, que é a nossa casa, o nosso habitat.

Professora Walterlin Forostecky Kotarski
Porto União, 16 de abril de 2020.