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quarta-feira, 30 de junho de 2021

Despejo

 

Despejo

Jaison é um cientista atrapalhado, mas ama a ciência. Ele tem um laboratório num bairro de classe-média, no qual faz muitos experimentos junto com o seu fiel companheiro, o cão Déxter, que é muito levado. Déxter sempre foge do laboratório e sai pela vizinhança para atazanar os moradores. Ele tem fama de roubar comida e destruir quintais.

Certa noite, no laboratório de Jaison, sem querer Déxter derrubou um dos experimentos da bancada. Mal sabia ele que se tratava de uma fórmula que Jaison estava criando para a Feira de Ciências Inovadoras, na qual havia se inscrito. Era uma fórmula experimental, que tornava possível ficar invisível por 3 horas. 

Chegou a hora do jantar.

__ Déxter, está na hora de jantar, venha meu amigo! __ chamou Jaison.

__ Venha, Déxter! Venha! Está na hora!!!

Porém, Déxter não apareceu.

__ Ave!! Deve ter fugido de novo, vou jantar sozinho, pois não vejo a hora de testar a minha fórmula inovadora __ disse Jaison para si mesmo.

“Depois do jantar, caso Déxter volte para casa, vou deixar a porta aberta e vou dormir, pois amanhã será o grande dia: a estreia da minha fórmula inédita” __ pensou Jaison.

Jaison não percebeu que Déxter estava invisível. Terminou de comer e foi direto para o seu quarto, pois estava muito cansado por ter trabalhado no laboratório até de madrugada por vários dias. Déxter, invisível, devorou tudo o que encontrou pela frente, pois estava faminto. Quando terminou de comer, Déxter percebeu que Jaison deixara a porta dos fundos aberta e saiu para um passeio noturno. Ele fez o maior fervo na vizinhança, destruiu vasos de flor, sujou calçadas, arrastou sapatos, subiu em alguns carros, correu atrás de algumas galinhas e pulou vários muros. Lá pelas quatro horas da madrugada, Déxter voltou para casa e foi dormir. Quando os vizinhos acordaram, viram aquele caos e foram até a polícia, a fim de verificar as imagens das câmeras de segurança e descobrir o que havia acontecido. Depois do rastreamento das imagens, os vizinhos voltaram para casa aborrecidos, pois nada foi registrado pelas câmeras.

Enquanto isso, Jaison acordou e foi verificar se Déxter já havia retornado. Quando chegou à varanda dos fundos, viu seu cachorro dormindo no chão todo sujo e fedorento. Então, foi logo pensando: “Estava aprontando alguma malandragem, não é seu cão safado! Sinto muito, mas vou interromper sua soneca. Vou dar-lhe um belo banho, pois não vou suportar este cheiro horroroso.”

Depois de dar banho no cachorro, Jaison foi se aprontar para a Feira de Ciências Inovadoras. Vestiu seu melhor jaleco, penteou seu cabelo, arrumou o Déxter, pôs nele uma coleira toda enfeitada e desceu as escadas para pegar a fórmula e os experimentos no laboratório. Ao adentrar o seu local de trabalho, Jaison olhou em volta e viu a fórmula de seu experimento e os frascos caídos no chão. Imediatamente, encarou Déxter. Deprimido e furioso subiu as escadas, mas se lembrou de que as câmeras poderiam ter filmado tudo o que acontecera no laboratório. Então, voltou correndo direto para o computador. Depois de vistoriar os registros das câmeras, constatou que a sua fórmula foi exitosa, o seu experimento funcionou conforme ele esperava. Então, deu um grito de alegria.

__ EBAAA!!! HIUPEE!!

Jaison saiu correndo para contar à vizinhança o sucesso de sua experiência. Ao chegar ao portão, encontrou dezenas de vizinhos querendo saber se Déxter havia saído para a rua durante a noite, pois todos suspeitavam que a bagunça e os estragos nos quintais foram feitos por ele. Afinal, todos sabiam que o cão de Jaison era muito malandro. Sem saber o motivo da aglomeração de vizinhos diante do seu portão, Jaison gritou alegremente:

__ Escutem, escutem todos, eu consegui!

__ O que você conseguiu? __ Perguntou um dos vizinhos.

__ A fórmula da invisibilidade __ respondeu Jaison.

__ Deu certo! Ela funcionou! Déxter foi bagunçar o meu laboratório enquanto eu estava dormindo. Ele derrubou os frascos da bancada e os componentes da fórmula caíram sobre ele. Em poucos minutos, o meu cachorro ficou invisível! Eu consegui esta proeza, pessoal! Estou muito feliz!

__ Então isso explica a destruição nos jardins e quintais de nossas casas __ gritaram em coro os vizinhos __ estamos fartos de suas experiências malucas e dos prejuízos causados pelo seu cachorro!

__ Você vai ter que nos indenizar pelos prejuízos causados pelo seu cão __ gritavam os vizinhos.

__ Além disso, Jaison, você vai ter que se mudar deste bairro. Você e seu cachorro representam um perigo à população. Monte esse seu laboratório numa área deserta. Já tomamos as providências junto à Prefeitura e às autoridades __ disse o presidente da Associação de Moradores em tom ameaçador.

__ Desculpem o Déxter, por favor, pessoal! Ele é o meu companheiro fiel. Eu não sabia que ele causou prejuízos a vocês durante a noite __ implorava Jaison.

Nesse momento, chegou um oficial de justiça com uma notificação de despejo.

__ Senhor Jaison, o senhor tem o prazo de 30 dias para se instalar numa área desabitada. Aqui, o seu laboratório representa um risco para a população __ disse o funcionário do fórum em tom sério e ríspido.

 __ Assine a notificação, por favor, __ disse o oficial.

__ Meu Deus! Eu estava tão feliz com o sucesso da minha fórmula. Eu pensei que seria premiado na Feira de Ciências Inovadoras. Eu sou um cientista! Isto não pode estar acontecendo comigo __ lamentou-se Jaison.

__ Sinto muito __ disse o oficial __ o senhor deve cumprir a decisão da justiça. Caso contrário, poderá ser impedido de exercer sua profissão. Até breve! __ despediu-se o oficial de justiça, retirando-se do local.

__ É isso aí, Jaison! Você está expulso deste bairro! __ gritaram os vizinhos.

__ Sem o meu trabalho eu não sobrevivo. A ciência é o motivo do meu viver. Eu vou pedir ajuda na Prefeitura. Certamente conseguirei me instalar num lugar mais retirado. Afinal, sem a ciência não há progresso __ desabafou Jaison.

Vinte dias depois, Jaison recebeu o Prêmio de Cientista do Ano, que fora entregue pelo presidente da Feira de Ciências Inovadoras. Seu nome ficou conhecido no Brasil e no exterior. Na televisão e na internet só se falava da fórmula da invisibilidade, do cão invisível e do cientista despejado do perímetro urbano. No novo laboratório, Déxter passou a usar uma coleira com rastreamento e cada vez que fazia alguma traquinagem recebia um pequeno choque, que o fazia dormir por um bom tempo.

Atualmente, Jaison está empenhado em desenvolver vacinas e medicamentos para invalidar o novo coronavírus e Déxter está sendo treinado pelo Corpo de Bombeiros e pela Polícia Federal para ser um cão socorrista e investigador.

 

Aluno: Luciano Dal Berto

9.º ano – Conto reescrito – Língua Portuguesa – 28/06/2021

Professora Walterlin Forostecky Kotarski



domingo, 20 de junho de 2021

Máscara não é fantasia

 

 Em outros tempos, usaríamos máscara num baile à fantasia ou no Carnaval. Atualmente, a pandemia da COVID-19 está mudando muitos conceitos e comportamentos na sociedade.

O Brasil já registra mais de quinhentos mil óbitos, mas ainda há milhares de pessoas que não se conscientizaram sobre os cuidados preventivos para proteger a própria vida.

___ Filho, estamos saindo. Coloque a sua máscara, por favor!

___ Mas mãe... Você sabe que eu odeio essas máscaras!

___ Odeia por que, meu filho?

___Odeio porque não gosto. Já disse, não ouviu?

___ Filho, para tudo há um motivo e, neste caso, o motivo é a preservação da nossa saúde e da nossa vida.

___ Eu não gosto de máscara porque me dá coceira, esquenta o meu rosto e eu não consigo respirar direito!

___ Essa não é uma boa justificativa, meu filho. Eu prefiro mil vezes que você coce o nariz do que corra o risco de se contaminar por não usar máscara. A COVID causa muitos problemas.

___ Está bem, mãe! Vou usar essa droga dessa máscara. Que chato!

___ Pare de reclamar! Ponha a máscara e se apresse, pois já estamos atrasados para apanhar as suas atividades na escola.

Uma hora depois, quando mãe e filho chegaram na escola, a diretora argumentou:

___ Por favor, Dona Suelen, reforce as medidas preventivas na sua família. Na semana passada, dez alunos precisaram fazer isolamento social porque testaram positivo para a COVID. O uso de máscara e a higienização constante das mãos é indispensável. Considerando os familiares dos alunos que fizeram o teste, houve um total de vinte e cinco pessoas contaminadas.

___ Meu Deus! ___ exclamou Dona Suelen.

___ Está ouvindo, Arthur? E você, há pouco, estava reclamando e não queria usar a sua máscara.

___ Pode deixar, mãe! Agora eu me conscientizei da minha responsabilidade. Precisamos nos proteger contra esta peste, que está matando pessoas sem dó nem piedade.

___ Obrigada e até breve, diretora! ___ despediu-se Dona Suelen.

___ Até a próxima atividade, Arthur. Cuidem-se, por favor!

  

Aluno: João Victor Lee Santos de Souza

7.º ano II – Crônica reescrita – 28/05/2021

Disciplina: Língua Portuguesa

Professora Walterlin F. Kotarski


O sonho de Rosa

 

Era época de colheita na Fazenda Esperança. Seu Leopoldo, o proprietário, já era idoso e tinha as mãos calejadas pela lida diária no campo desde a sua infância. Apesar das dificuldades, ele amava ser agricultor e criador de gado. Seu maior sonho era que o seu neto Leonardo assumisse o seu lugar e fizesse a fazenda prosperar ainda mais. Seu Leopoldo tinha também três netas, mas, segundo a tradição, era natural que os homens da família fossem os sucessores dos mais velhos na propriedade.

No seu íntimo, Seu Leopoldo sentia um misto de tristeza e decepção, pois o neto Leonardo nunca demonstrava interesse pelos afazeres da fazenda. Era a sua neta Rosa, a caçula, que sempre estava junto com ele, ajudando-o em tudo o que fosse necessário. Desde pequena, Rosinha acordava cedo, tomava o café da manhã com o avô e os dois saíam juntos para tratar os animais, recolher os ovos, tirar leite e, depois, iam para a roça. Rosinha sempre estava tagarelando e bem-disposta.

___ Vovô, quando eu for adulta, quero ser como você. Adoro trabalhar nesta fazenda, pois ela nos dá tudo o que precisamos para viver.

___ Rosinha, eu gosto muito de sua companhia, mas este trabalho não é para mulher. Você e suas irmãs deverão ir para a capital e se formar numa universidade. O serviço da fazenda deve ficar para o Leonardo ___ retrucava seu Leopoldo.

___ O senhor ainda vai me ver dirigindo trator e plantando soja ___ insistia Rosinha.

O tempo passou, Rosinha e suas irmãs concluíram o Ensino Médio e não houve jeito de ficarem na fazenda. Seu Leopoldo insistiu tanto, que convenceu a sua filha Ana e as três netas a se mudarem para a capital para estudar.  A neta Talia decidiu cursar Pedagogia, Joana escolheu Ciência da Computação, pois adorava tecnologia, e Rosa escolheu Agronomia, pois continuava firme no propósito de trabalhar na fazenda como o seu avô.

Enquanto as netas estudavam na capital, seu Leopoldo foi enfraquecendo e já não tinha o mesmo vigor para o trabalho. Leonardo não se dedicava à fazenda, vivia falando que iria embora para São Paulo e a produção foi diminuindo a cada ano.

As três irmãs se formaram na mesma época. Talia e Joana conseguiram bons empregos na capital, mas Rosa não conseguiu trabalho na cidade e só pensava em voltar para a fazenda. Certo dia, aborrecida, Rosa comunicou sua decisão à sua mãe e às irmãs:

___ Vou voltar para a fazenda. Meu lugar é lá, junto com o vovô.

___ Rosa, pense bem ___ argumentou Joana ___ na fazenda você não vai progredir. Vai passar sua vida inteira plantando, colhendo e tratando dos animais. Na fazenda você nunca terá folga, além de trabalhar debaixo de sol e de chuva. Aqui na capital a vida é bem melhor, garota.

Rosa permaneceu calada, mas no seu íntimo sabia que poderia conquistar seu sucesso na fazenda. Enquanto isso, Leonardo vendera mais um trator sem o consentimento do seu avô. Pegou o dinheiro e deixou apenas um bilhete em cima da mesa da cozinha: “Vovô, estou indo para São Paulo. Não aguento mais ficar aqui nesta fazenda. Não nasci para viver no campo. Vou abrir uma lanchonete lá em São Paulo. Gosto do movimento de cidade grande. Fui. Seu neto, Leonardo”.

Depois de ler o bilhete do neto e descobrir a falta do trator, seu Leopoldo passou mal. A empregada da casa avisou a filha e as netas que ele fora internado em estado grave. Rosa imediatamente disse às irmãs:

___ Aqui não fico mais. Vou cuidar do vovô e da fazenda. Ele sempre foi o meu melhor amigo e companheiro.

___ Você vai se arrepender dessa decisão, Rosa.

___ Vocês não vão conseguir me deter. Volto para a fazenda hoje mesmo.

Ao chegar no hospital, Rosa ainda pôde ouvir o seu avô.

___ Que bom que você veio, Rosa! Eu estava com medo de que você não chegasse a tempo.

___ Que é isso, vovô? O senhor ainda vai viver muito tempo.

___ Não, querida. Eu sei que me restam poucos minutos...

___ Não diga isto, vovô, por favor!

___ Rosinha, o Leonardo me decepcionou muito! Perdoe-me minha neta querida. Eu sempre lhe dizia que a lida da fazenda não era para mulher. Precisei me aborrecer muito com as trapaças do meu neto para reconhecer a sua dedicação e o seu amor pela nossa fazenda.

___ Vai ficar tudo bem, vovô. Nós ainda seremos uma dupla imbatível na Fazenda Esperança.

___ Tenho pouco tempo, Rosinha. Ouça-me, por favor. Eu sei que posso confiar em você, minha neta. Eu fiz um testamento deixando a fazenda para você. Também deixei uma boa quantia em dinheiro para você investir em seu sonho, Rosinha.

Seu Leopoldo começou a tossir e se engasgou.

___ Vovô, por favor, descanse. Não faça esforço...

___ Rosinha, procure o advogado Leôncio. Ele está a par de tudo. Bom trabalho, Rosinha. Adeus...

Seu Leopoldo tossiu por mais uns instantes e silenciou para sempre.

___ Vovô! Vovô, não me deixe, por favor!

A enfermeira chamou o médico, mas Seu Leopoldo já estava morto.

Uma semana depois, Rosa procurou o advogado para os trâmites legais. Um mês depois, Maria Teresa e Odete, ex-colegas de faculdade, foram até a fazenda fazer uma proposta de trabalho. As três amigas fizeram um contrato. Maria Teresa ficou responsável pela produção e venda de hortaliças e frutas. Odete assumiu a criação de gado e a produção de leite, pois era médica veterinária e zootecnista. Rosa ficou responsável pela produção de milho e de soja. Dona Ana, mãe de Rosa, continuou morando na capital e atuava no mercado agropecuário negociando os produtos da Fazenda Esperança.

Durante algum tempo, as quatro mulheres eram motivo de chacota dos outros fazendeiros da região. Porém, nenhuma delas se deixava abater pelo preconceito dos fazendeiros. Aumentaram o número de estufas para a produção de hortaliças. Equiparam os estábulos com mais ordenhadeiras. Reformaram as instalações e financiaram uma colheitadeira e um trator. Rosa e suas amigas, controlavam muito bem o custo da produção e os valores que entravam em caixa. Em três anos, a Fazenda Esperança se reergueu e tornou-se competitiva no mercado agropecuário. Já não se ouvia piadinhas e chacotas com o nome das quatro fazendeiras. Pelo contrário, elas passaram a ser referência no mercado.

Na fazenda Esperança tem mulher trabalhando com trator, tem mulher operando colheitadeira, tem mulher acompanhando a ordenha, tem mulher administrando e ganhando muito dinheiro. Rosa sempre comenta que sente a presença do seu avô passando uma energia boa e inspirando as talentosas mulheres que deram continuidade à história da família.

Atualmente, Talia e Joana sentem uma pontinha de ciúme de Rosa, a mulher que quebrou o tabu da família que não acreditava na capacidade de suas mulheres conquistarem o sucesso e a riqueza no ramo agropecuário. Agora são elas que esbanjam a sua elegância e bom gosto. Usam chapéus, botas, calça jeans e camisa. Quando saem a passeio usam maquiagem, belos vestidos e joias. Essas mulheres batalhadoras podem tirar férias e até viajar para o exterior. Além disso, geram dezenas de empregos no campo. Enfim, um viva às mulheres fazendeiras.

 

Aluna: Bruna Karoline Borges

9.º ano - Conto reescrito - 18/06/2021

Disciplina: Língua Portuguesa – Professora Walterlin F. Kotarski