Pesquisar este blog

quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Resenha: Um caso de burro - Lays



 RESENHA - GÊNERO: CRÔNICA


ASSIS, Machado de. Um caso de burro.


A crônica “Um caso de burro”, escrita por Machado de Assis, descreve a agonia de um burro à beira da morte, que estava caído num jardim da Praça Quinze de Novembro, no Rio de Janeiro. Pode-se perceber a indignação e a reflexão que o autor fez diante da situação. Ele observou a cena por poucos minutos, mas teve a sensação de que havia passado um longo tempo.

Assis ficou sensibilizado com o sofrimento do animal e achou que ele não merecia passar por aquela agonia. Imaginou que o moribundo estaria fazendo um balanço de sua vida, um exame de consciência sobre o que teria feito de bom e de ruim. Teria lembrado que não matou, não roubou, que não fora maldoso.  Seus gestos desabonadores teriam sido nada mais do que alguns coices para manifestar sua contrariedade. Afinal, já estava conformado com o seu destino de apanhar e de calar. Lembrara-se também de boas ações, tais como transportar enamorados e devedores para longe de seus credores. Enfim, nada de grave pesava em sua consciência.

O autor também pondera como a curiosidade das pessoas é maior que a compaixão e a bondade. Registra a presença de um menino de aproximadamente dez anos segurando uma vara na mão com a provável intenção de bater no agonizante.

A crônica provoca reflexão sobre a exploração dos animais no campo e no transporte de mercadorias e de pessoas, naquela época, em longas jornadas cansativas, enquanto estavam fortes e saudáveis. No entanto, quando adoeciam ou envelheciam eram abandonados, sem tratamento nem compaixão.

Recomenda-se a leitura pelo estilo do autor e, principalmente, pela empatia que demonstra ao se colocar, imaginariamente, no lugar do animal, fazendo seu exame de consciência e por absolvê-lo de qualquer condenação ou castigo. Felizmente, atualmente já existem leis que protegem os animais, aliviando os seus sofrimentos.



Lays Vitória Amarante

Porto União, 28 de agosto de 2024. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário