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terça-feira, 27 de agosto de 2024

Resenha: Um caso de burro

 

            

  Resenha - Gênero: Crônica

ASSIS, Machado de. Um caso de burro.


Na crônica “Um caso de burro”, Machado de Assis narra os últimos momentos da vida de um burro, que estava deitado num jardim da Praça XV de Novembro, no Rio de Janeiro. Olhando mais atentamente, o narrador percebeu que o animal não estava deitado e sim caído, pois não conseguia levantar-se. Estava fraco e seus ossos quase furavam a pele de tão magro. Os olhos tristes e sem brilho se fechavam e se abriam lentamente. Mesmo havendo capim e água perto dele, o burro não conseguia se alimentar e mal se mexia. O autor enalteceu a boa alma caridosa que levou comida e água para amenizar o sofrimento do pobre moribundo.

Alguns curiosos estavam em volta do animal. Dentre eles, havia um menino de aproximadamente dez anos com uma vara na mão, mas não batera no burro, pelo menos enquanto o narrador ali permaneceu.

Na manhã seguinte, ao passar pela praça, Machado de Assis viu o burro morto e, junto dele, dois meninos contemplavam o cadáver demonstrando uma curiosidade mórbida. Ao voltar, no final da tarde, já não havia nenhum vestígio do cadáver na praça.

Machado de Assis usou tal flagrante para demonstrar como os seres humanos podem ser bisbilhoteiros, negligentes, ingratos, cruéis e indiferentes ao sofrimento de outros seres. Naquela época, os cavalos e os burros prestavam serviços à sociedade transportando cargas e puxando arados, carroças e tílburis, sendo submetidos a longos períodos de trabalho pesado, debaixo de sol ou de chuva.  No entanto, quando envelheciam ou adoeciam perdiam a sua utilidade, sendo abandonados em estado de sofrimento, sem nenhuma assistência nem amparo.

A presença do menino ao lado do animal com uma vara na mão, representa a crueldade inconsequente e a falta de empatia que, muitas vezes, se aprende desde a infância.

A crônica provoca reflexão sobre os desvios da conduta humana e sobre a vulnerabilidade dos animais domesticados pelo homem. Felizmente, hoje já existem leis para punir tutores algozes, mas, apesar disso, muitos animais ainda sofrem maus-tratos na atualidade.

Recomendo o texto por ser envolvente, sensibilizante e de leitura rápida.


Autor:  Wesley Alonço Thibes 

Porto União, 27 de agosto de 2024.


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