RESENHA
Título: Uma vela para Dario.
Autor: Dalton Trevisan
A crônica “Uma vela para Dario”, de Dalton Trevisan, trata da morte de Dario, que passou mal na rua e foi vítima de imprudência, imperícia e furtos, sendo abandonado na frente de uma peixaria. Quando a polícia chegou, foi impossível identificá-lo, pois até seus documentos foram retirados pelos curiosos.
Nas entrelinhas do texto, Dalton Trevisan critica a falta de preparo das pessoas para prestar os primeiros socorros a uma vítima. Dario foi arrastado, mal-atendido, pisoteado e abandonado na rua, onde agonizou até morrer. O autor também critica a desvalorização da vida humana ao usar a frase: “Apenas um homem morto e a multidão se espalhou”.
Dalton faz a narrativa usando uma linguagem que provoca reflexão e mexe com os sentimentos do leitor, pois a tristeza é o pano de fundo da crônica desde o início até o fim. Todos os pertences de Dario foram roubados pelos curiosos, mas, em nenhum momento, a palavra “roubo” foi citada no texto, o que demonstra a habilidade do escritor de dizer muito mais do que expressou em palavras. Essa técnica permite ao leitor perceber a indiferença, a dureza dos sentimentos humanos, a falta de compaixão e de empatia, a falta de escrúpulos dos curiosos ao roubar uma pessoa totalmente sozinha e vulnerável na rua.
No final do texto, o autor cita duas pessoas generosas: um senhor piedoso, que despiu o paletó de Dario e o colocou sob a cabeça do moribundo, em sinal de respeito e dignidade e um menino negro, que acendeu uma vela e a colocou ao lado do cadáver, fazendo-nos percebar que são poucas as pessoas que praticam a compaixão, a solidariedade e realmente se importam com o seu próximo.
O autor também critica a ineficácia dos órgãos competentes, pois Dario levou duas horas para morrer e, três horas depois, o rabecão ainda não havia recolhido o seu corpo, que já estava desbotado pela chuva.
Recomendo a leitura pelo estilo do autor e pela sua perspicácia ao criticar e provocar reflexões no leitor de um modo tão peculiar e envolvente.
Resenhista: Professora Walterlin Forostecky Kotarski
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