Pesquisar este blog

terça-feira, 15 de março de 2022

Queremos paz

  

Meu nome é Katya Zelenik, tenho 9 anos de idade, sou ucraniana nascida na cidade de Lviv, onde até hoje moro com meus pais e meu irmão Eugênio, de 2 anos. Fomos surpreendidos pelo confronto entre Rússia e Ucrânia, que está gerando centenas de feridos e milhares de mortos. Estamos vivendo um terrível pesadelo. Não conseguimos dormir, somos atormentados por explosões de bombas e sirenes. Prédios são atingidos, desmoronam e incendeiam. Há dezenas de carros esmagados e incendiados. Centenas de pessoas estão procurando abrigos subterrâneos, mas não há lugar para toda a população se proteger. As ruas estão cheias de escombros. Há muita dificuldade para fugir do caos da guerra. Os supermercados estão ficando com as prateleiras vazias. Está faltando energia elétrica e água potável. O inverno ainda está rigoroso. Onde é possível, pessoas acendem fogueiras para se aquecerem.

Meus pais tentam distrair a mim e ao meu irmão para que não percebamos o terror e a destruição do nosso querido país, porém é impossível ficarmos alheios aos chocantes acontecimentos. Há relatos de violência sexual praticada por soldados russos. Muitas mulheres e meninas estão sendo estupradas e feridas.

Os corredores humanitários para possibilitar a fuga de mulheres, crianças e idosos não são respeitados, sendo bombardeados enquanto soldados ucranianos ajudam os moradores a fazer travessias arriscadas sobre escombros de pontes destruídas. Pessoas estão deixando tudo o que têm para trás: casas, carros e patrimônios na tentativa de preservar suas vidas.

Todos os homens da Ucrânia, entre 18 e 60 anos de idade, foram proibidos de deixar o país para combater na guerra e proteger a pátria. Mamãe, Eugênio e eu pretendemos fugir para a Polônia o mais rápido possível. Infelizmente papai não poderá ir junto conosco, pois deverá ficar à disposição do exército ucraniano para o que for preciso, a fim de defender o país que tanto amamos. Choramos muito por sabermos que a vida do papai será colocada em risco, porém precisamos tentar salvar a nossa vida. Temos o coração dilacerado pela tristeza e pela incerteza do amanhã.

O exército russo avança em direção a Lviv, onde estamos. Decidimos tentar a fuga. Antes de nos dirigirmos à estação de trem, mamãe foi ao supermercado comprar algum suprimento para nossa alimentação, mas encontrou poucos itens, pois as prateleiras já estavam quase vazias.  Nossa espera na estação durou dez horas. O cansaço nos consumia, mas, enfim, conseguimos embarcar com destino à fronteira da Polônia.

No trem muitos adultos e crianças choravam. O espaço era apertado. Depois de doze horas de viagem, conseguimos passar pela triagem na fronteira da Polônia. Lá fomos muito bem recebidos por voluntários que distribuíam comida, água, roupas, chip para celular, produtos para higiene pessoal, brinquedos e nos direcionavam para um ginásio, onde estão os refugiados de todas as regiões ucranianas.

Diante desses acontecimentos traumatizantes, não sabemos como será o nosso futuro. Não conseguimos tirar o papai do nosso pensamento. A cada dia que passa, a comunicação com a Ucrânia está mais difícil. O exército russo tem bombardeado torres de televisão e antenas de operadoras de celular. Está acontecendo uma guerra entre exércitos e também de informações. Até os órgãos de imprensa estão tendo dificuldade para verificar a veracidade dos fatos.

Os países integrantes da OTAN estão impondo severas sanções econômicas à Rússia. Esta guerra está prejudicando a economia de todos os países, pois a Rússia é grande fornecedora de petróleo e fertilizantes agrícolas para diversos países. Alguns países europeus são dependentes do gás que vem da Rússia. A Ucrânia é uma grande exportadora de trigo e milho. Vladimir Putin tem falado que também imporá embargos a produtos russos que são importantes para os países ocidentais.

Mamãe espera conseguir um trabalho aqui na Polônia ou em qualquer outro país europeu que nos acolher. Ela é professora e tem um bom currículo em sua formação. Que Deus nos proteja e defenda de acontecimentos trágicos. Todos os dias oramos para que o papai consiga se manter vivo e para podermos nos reencontrar. A Ucrânia está se transformando em escombros. Neste momento as lágrimas inundam nosso rosto. Incerteza é a nossa única certeza. O nosso maior sonho é que haja paz e respeito entre todos os países.

 

Aluna: Gislene Maiara Gulicz

9.º ano II – Conto reescrito – 12/03/2022

Língua Portuguesa – Professora Walterlin F. Kotarski

Núcleo Educacional Jornalista Hermínio Milis

Nenhum comentário:

Postar um comentário