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domingo, 15 de maio de 2011

O cão Guia

Eu morava numa casa cercada de mato, ao lado de uma pista de motocross. Certa vez, eu e meus primos decidimos brincar de trilha no mato. Fizemos dois grupos. Cada grupo tinha a missão de capturar os membros da equipe adversária. Eu e meu grupo fazíamos muitas armadilhas e fechávamos muitas passagens com galhos e entulhos.

Em determinado momento, decidi seguir sozinho pelo mato. Entrei em trilhas que não tinham fim e acabei me perdendo. Tentei reencontrar o meu grupo, ouvindo o barulho das motos, mas não encontrava o caminho. Não quis gritar por socorro, pois iriam zombar de mim, com certeza. Segui andando, casualmente olhei para o chão e avistei um pote de tinta guache, que provavelmente fora perdido por algum trilheiro acostumado a marcar o caminho para não se perder. Então, comecei a passar tinta nas árvores para evitar andar em círculo. O tempo passou, eu comecei a sentir fome e sede. Água não achei, mas encontrei um pé de amora bem carregado e saciei a fome.

Felizmente, mais adiante encontrei meu primo que também havia se perdido de sua equipe, quando percebeu a minha falta e começou a procurar por mim. Andamos horas pela mata, estávamos muito cansados e não conseguíamos encontrar o caminho de volta. O sol se pôs e a escuridão da noite se aproximava. Eu e meu primo começamos a sentir muito medo... De repente, no caminho, encontramos um cão sem raça definida, magro, com pelo sujo e parecendo estar faminto. Percebendo o nosso medo, o cão começou a andar e nós o seguimos. Aquele cachorro era incrível. Ele ia à frente e latia como se quisesse nos dizer para segui-lo. Calados, o seguimos. O cão nos conduziu a outra trilha, que nos tirou do mato e pudemos voltar para casa.

O medo havia passado, estávamos tranquilos. A primeira coisa que fiz quando cheguei a casa foi dar ração para o cão que nos tirou da mata. Ao ver o cachorro, meu pai ficou irritado e foi logo dizendo:

__ Tire logo este pulguento daqui!

Eu olhei para o meu pai e disse:

__ Papai, eu e meu primo estávamos perdidos na mata, enveredamos por trilhas desconhecidas. Foi este cão que nos conduziu ao caminho de volta. Se não fosse ele, passaríamos a noite no mato e sabe-se Deus o que poderia ter nos acontecido. Este cão nos salvou de uma situação difícil. Por isso, eu decidi cuidar dele, papai.

Surpreso com o que lhe contei, papai disse:

__ Sendo assim... O cão pode ficar. Cuide bem dele, rapaz!

Daquele dia em diante, o cachorro ficou lá em casa. Eu dei-lhe o nome de Guia. Ele era o meu companheiro em todos os passeios pela mata. Éramos muito apegados um ao outro.

Passaram-se alguns anos e, certo dia, o meu cão Guia morreu. Fiquei muito triste. Jamais esquecerei o que ele fez por mim. Então, peguei o corpo dele e o levei para a mata, onde nos encontramos pela primeira vez. Coloquei-o no chão e joguei folhas por cima dele. Fiquei junto à sepultura por algum tempo... Eu sabia que havia perdido um grande e fiel amigo... Já estava ficando tarde e eu precisava voltar para casa. Então, olhei para o lugar onde meu cão ficaria para sempre e despedi-me agradecendo:

__ Amigo, obrigado por ter cruzado o meu caminho naquela situação difícil. Você estará sempre guardado no meu coração e na minha memória. Adeus!

Aluno: Willian dos Santos Pinto

8.ª série – Crônica – 12/05/11.

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