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sexta-feira, 13 de março de 2015

Enchente


Belas cachoeiras honram as belezas naturais de Porto União, mas a água também está presente em muitos pesadelos de moradores deste nosso querido município. Numa tarde de julho, imensas nuvens negras cobriram o céu, a chuva começou e parecia sem nenhuma vontade de parar. Já chovia há cinco dias, minha mãe adoeceu, já havia um palmo de água dentro de nossa casa e os alimentos estavam acabando. Precisávamos de ajuda com urgência.
Papai: Jonas, é necessário que você pegue o bote e vá até a cidade comprar ou pedir um pouco de comida para nós. Traga também mais velas, fósforo, gás para o fogão e querosene para o lampião. Leve o seu cachorro Chibi junto com você para lhe fazer companhia.

Jonas: Pai, eu tenho medo de ir sozinho à cidade. Já está tudo alagado e não para de chover.
Papai: Tenha coragem, filho! Eu não posso deixar sua mãe adoentada e nossos animais nesta situação. Tome cuidado, vai dar tudo certo.
Cheguei à cidade e fiquei ainda mais amedrontado, pois as ruas estavam submersas. Sem saber o que fazer, comecei a pedir ajuda aos moradores das casas que ainda estavam fora do alagado.
Jonas: Por favor, senhora, tem algum alimento para doar à minha família. Estamos quase sem nada para comer.
Moradora: Infelizmente não podemos ajudar. Vá pedir em outro lugar.
Depois de bater em várias casas, minhas esperanças tinham acabado, pois me contaram que muitas pontes foram levadas pelas águas, que nenhum alimento chegava à cidade e que os supermercados estavam praticamente vazios. Então, de repente, olhei para o lado e vi uma velhinha me oferecendo um sanduíche de presunto.
Velhinha: Tome, meu filho, você deve estar com fome.
Jonas: Obrigado, senhora!
A velhinha fez um cafuné na minha cabeça e foi embora lentamente.
O cheiro do presunto atraiu um cão Pit Bull, que veio latindo em minha direção. Meu cão Chibi, percebendo o perigo, ficou em prontidão para o combate. O Pit Bull me atacou, mas Chibi deu-lhe uma mordida no pescoço. O Pit Bull virou-se e abocanhou uma perna de Chibi. Eu fiquei paralisado pelo medo. O Pit Bull me atacou novamente, mas meu herói Chibi, mesmo ferido, veio me defender. O Pit Bull abocanhou o sanduíche da minha mão e fugiu. Em seguida, peguei Chibi no colo e ele estava morrendo. Então gritei o mais alto que eu pude.
Jonas: Alguém me ajude, por favor!
Então, apareceu uma moça que se aproximou de mim e de Chibi.
Moça: Barqueiro valente, seu cãozinho já não está mais entre nós. Venha comigo. Vou ajudá-lo no que eu puder, prometo.
Então, a moça levou-me para sua casa, disse para eu tomar banho, emprestou-me roupas secas e me serviu um gostoso lanche. Eu já estava morrendo de fome. Em seguida, contei a ela a minha história e a moça publicou-a no seu blog, pedindo ajuda para mim. Acabei ficando hospedado na casa dela até a chuva dar uma trégua para eu poder voltar para casa.
Depois de dois dias, tínhamos uma sacola grande cheia de alimentos, alguns maços de velas, um botijão de gás e dois litros de querosene para o lampião. Quando eu já estava saindo da casa dela para voltar à minha casa, no sítio, chegou um médico que disse que ia atender a minha mãe sem cobrar nada.
Passou-se um mês, a enchente ia embora aos poucos e a vida começava a voltar ao normal. A única diferença era que as pessoas estavam mais unidas, todas se abraçavam e se cumprimentavam. Eu também mudei minhas atitudes, pois pensava que a maioria das pessoas eram arrogantes e só pensavam em si mesmas. Mas, depois daquela enchente do rio Iguaçu, eu percebi que também existem pessoas carinhosas, caridosas e que ainda têm uma chama de cidadania dentro de si. Ainda estou muito triste, pois perdi meu grande companheiro Chibi. Volta e meia eu me pego a pensar: “Será que no céu dos cachorros existe sanduíche de presunto para o meu Chibi? Será que ele está sentindo saudade de mim também?”
Nesse instante, Papai me surpreendeu, interrompendo os meus pensamentos.
Papai: Filho, agora que o pior já passou, vamos à igreja agradecer a Deus por estar tudo bem com a nossa família. Afinal, Ele colocou pessoas bondosas no seu caminho, lá na cidade, quando você foi buscar ajuda. A velhinha, o médico, a moça Soraia e todas as pessoas que cooperaram com a campanha que ela fez em nosso favor.
Jonas: É pai, eu tive mesmo muita sorte e ajuda de Deus. Confesso que eu me sentia totalmente perdido, abandonado e sem saber o que fazer naquela situação.
Papai: Por isso, filho, eu vou lhe fazer um pedido: Nunca negue ajuda a alguém que precisa dela. Coopere em tudo o que estiver ao seu alcance e tudo o mais lhe será acrescentado pelo grande Pai, que está lá no céu, e jamais se esquece dos filhos que lhe são fiéis.
Jonas: Prometo, papai. Jamais negarei ajuda a alguém que dela precisar.
Pai e filho entraram na igreja, ajoelharam-se, fecharam os olhos e fizeram o seu agradecimento silencioso a Deus.

Alunos:
Marcelo Rocha Luiz
Victor Augusto Ribeiro
8.º ano II – 13 de março de 2015.
Concurso de peça teatral promovido pela COOPERALFA

Tema: A cooperação como ferramenta para o desenvolvimento da cidadania.

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