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quinta-feira, 19 de março de 2015

Surpresa agradável

Em 09 de junho de 2014, as cidades de Porto União e União da Vitória vivenciaram a quarta pior enchente histórica. Meses depois do acontecido, as pessoas que mais sofreram com a tragédia construíram suas casas longe do rio Iguaçu, mas a dor da perda dos seus bens ainda os machuca __ disse a repórter Sandra Novaes.
Então, vamos conversar com um dos antigos moradores dessa região que sofreu com a enchente.
Repórter: O que o senhor tem a dizer sobre o que aconteceu?
Tavares (antigo morador ribeirinho): Bom dia! Olha, foi muito difícil no começo e ainda é, mas foi uma tragédia tão repentina e ninguém estava preparado para isso.
Repórter: Onde o senhor estava naquela noite?
Tavares: Eu estava trabalhado, como em todas as noites, pois sou segurança noturno.
Repórter: Então, o senhor só soube do acontecido quando chegou em casa?
Tavares: Não, minha filha mais velha acordou assustada com os latidos do nosso cachorro. Quando foi levantar para ver o que estava acontecendo, sentiu a água nos pés, pois morávamos bem perto do rio. Ela se assustou e foi chamar a mãe. Quando a minha mulher acordou, ela ligou rapidamente para mim, mas eu não podia sair do serviço naquela hora. Então, pedi para ela e nossas duas filhas saírem da casa levando objetos pessoais e alguma coisa miúda, que pudessem carregar. Minha esposa só conseguiu levar a batedeira e o liquidificador. Eu fiquei totalmente desesperado, pois tudo o que conseguimos com anos de trabalho estava sendo destruído. Tentei me acalmar e manter a cabeça fria. Afinal, os bens materiais não se comparam ao valor dos entes queridos, e estes estavam a salvo. Passamos vários dias hospedados na casa da irmã da minha mulher, a Dulce. Quando voltamos para casa quase dois meses depois, porque ela ficou praticamente encoberta, não havia mais nada dentro dela. Ver aquela casa suja, com mau cheiro e danificada fez me doer o coração. O que mais me entristeceu foi constatar que todos os nossos pertences haviam sido roubados. Minha mulher começou a chorar loucamente, até que um vizinho não muito chegado apareceu e perguntou o que havia acontecido. Nós contamos a ele que a casa estava totalmente vazia, que provavelmente fora saqueada durante a fase do alagado. Sem mais nem menos, o vizinho começou a rir e disse:
Eurico (o vizinho): Que nada vizinho! Assim que eu vi a sua família saindo da casa e deixando tudo para trás, eu pedi ajuda às outras pessoas que estavam aqui nas redondezas para colocar os seus pertences em cima do caminhão que eu tinha alugado para retirar a minha mudança. O caminhão era grande e havia sobrado lugar. Carregamos tudo e guardamos num galpão na chácara do meu pai. Eu lhe enviei uma mensagem naquele dia, mas você não retornou.
Tavares: Só então eu me toquei que tinha esquecido o celular no trabalho por dias e dias... Foi totalmente esquisito, mas foi bom saber que algumas pessoas que eu nem considerava amigas me ajudaram tanto. Desde então, não somos mais apenas vizinhos, passamos a ser os melhores amigos. Naquele dia, eu percebi que numa hora de emergência a cooperação pode vir de qualquer lugar e de quem menos se espera.
A repórter emocionada ajeitou o cabelo e disse:
__ Muito obrigada por compartilhar conosco a sua história. Ficamos por aqui, tenham todos uma boa tarde.  Assistam agora “A escolinha do professor Raimundo”.    

Aluna:
Andressa Thaize Grossl
9.º ano – 19 de março de 2015.
Concurso de peça teatral promovido pela COOPERALFA

Tema: A cooperação como ferramenta para o desenvolvimento da cidadania.

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